Lições para o Rio Grande dar certo

Veja dicas dos empresários para empreender com sucesso

No especial do Rio Grande que dá certo, confira a receita dada pelos gaúchos

Enviar para um amigo

Diminuir fonteAumentar fonte

Veja dicas dos empresários para empreender com sucesso Arte ZH/Zero Hora Foto: Arte ZH / Zero Hora

Por todo o Estado, existem empresas bem-sucedidas, que fazem a diferença. A maioria começou do nada, por iniciativa de famílias ou de gente que decidiu deixar o emprego ou a profissão em que se formou na universidade, e tocar o próprio negócio. Há um ano, a série O Rio Grande que Dá Certo conta histórias de empresas gaúchas que enfrentam o desafio diário de crescer e inovar. Para garantir uma trajetória vitoriosa, há vários caminhos, da opção radical pelo mercado local à expansão dos negócios em outros continentes.

De setembro de 2012 até este domingo, 49 negócios nascidos em solo gaúcho, além de quatro empresas vencedoras do Prêmio Nacional de Inovação no ano passado, tiveram suas histórias retratadas na série. Cada uma tem uma lição a dar a novos — e persistentes — empreendedores. Para comemorar, estão aqui reunidas as principais dicas dos homens e das mulheres que ajudam a mover o Estado.

Acredite na receita caseira

Foi na pousada Bavária, em Gramado, que Alexandre Gehlen se inspirou parafundar a rede de hotéis Intercity, uma das 10 maiores do país. Na infância, ele passava férias na Bavária e trabalhava como garçom, ajudante ou recepcionista.

Demitido com centenas de funcionários do setor calçadista, na década de 1990, Gilmar Borscheidtransformou o amaciante feito pela mãe em oportunidade e fundou a Girando Sol. Nos últimos anos, transformou um antigo galpão de 24 metros quadrados em uma fábrica de 22 mil metros quadrados e mais de 300 empregados.

Uma receita de origem uruguaia desenvolvida há anos pela família Kulpa gerou um negócio que se tornou líder no segmento de massas frescas no Estado, a Pavioli. Em uma pastelaria de Pelotas, nas décadas de 1950 e 1960, o casal Adão e Irene Kulpa começou a produzir pastéis. Deles para a massa e daí para salgadinhos fritos e preparo para lasanha, foi só provocar a gula.

Não desista de empreender

Perseverança é a palavra que define o empresário Josely Rosa. Fundador do grupoBaram, fabricante de equipamentos para a construção civil, Josely foi segurança, vendedor de loja, vitrinista e representante comercial. Nessa última função, começou a ter contato com feiras em outros Estados. Em uma delas, surgiu a ideia do negócio. Atualmente vende andaimes elétricos e equipamentos como elevadores para clientes como Petrobras, Queiroz Galvão, Odebrecht e Rossi.

Antônio Roso começou como feirante aos 17 anos. Foi ainda caminhoneiro, proprietário de um bar e de um cinema. Em 1975 passou a atuar no ramo industrial com a inauguração da Metasa. Hoje a empresa fornece para megaconstruções e está em todas as plataformas do polo naval.

Caçula de cinco irmãos, Gilberto Wallérius foi o único a investir em um negócio próprio, já que os demais trabalhavam com o pai em uma indústria de balas e chocolate. Ele fundou a corretora de seguros Wallérius, que hoje tem cinco filiais.

O dentista porto-alegrense Jayme Prawer alimentava desde a infância o desejo de morar em Gramado. Em uma viagem a Bariloche, conheceu os chocolates artesanais que começou a produzir na Serra. Contratou um chocolateiro argentino e fundou a Prawer. A primeira loja surgiu em 1976 e criou todo um segmento na região.

Seja ousado

Muitas vezes, o medo de arriscar pode impedir que um negócio prospere. Há quase três décadas, André Luiz Backes assumiu a Metalúrgica Mor — após a morte do pai — e comprou ações de outros membros da família. Jovem, queria investir, mas não via a mesma disposição nos sócios, com mais do que o dobro da idade. Hoje, com 50 anos, a empresa é líder em produtos de camping e lazer.

Olhe para o futuro

Quando se começou a se falar em cata-ventos para gerar energia elétrica, parecia uma fantasia. Em pouco mais de uma década, os 15 parques eólicos gaúchos se tornaram referência, com investimentos de R$ 6 bilhões até 2017. E as empresas que apostaram no negócio colhem frutos.

Há 31 anos, Ricardo Felizzola e Luiz Gerbase perceberam que valia a pena correr riscos no mercado de tecnologia eletrônica industrial. AAltus Sistemas de Informática, pioneira das startups gaúchas, nasceu numa incubadora universitária e hoje tem contratos milionários para automatizar de hidrelétricas a plataformas da Petrobras.

Fundada em 2003, a GetNet inseriu sua maquininha de passar cartões em um mercado dominado por concorrentes globais. Em 2011, uma nova regulamentação permitiu a entrada de empresas para processamento das bandeiras Visa e Mastercard e, com uma joint venture com o Santander, a gaúcha entrou no segmento. Em julho, o banco comprou o negócio.

Cresça com as crises

Não é simples, mas crises, como ensinam os chineses, embutem a oportunidade para investir, ousar e crescer mais.Foi assim com a Artecola. Inicialmente produzindo químicos, equipamentos de proteção e plásticos de engenharia com exclusividade para a indústria calçadista, abriu espaço para atender outros segmentos e evitar a dependência. Atualmente atende empresas de transporte, de embalagens e da construção civil.

Na Comil, que produz carrocerias de ônibus em Erechim, a crise veio quando surgiu a necessidade de mudança na gestão. Um administrador na diretoria financeira ajudou a liderar um processo de reconstrução.

O contorno de uma crise em 2007 também fez renascer a Intecnial. Depois de sofrer para atender prazos do mercado de biodiesel, reorganizou-se e hoje lidera o segmento na América do Sul.

Em meados de 2008, a Demuth, de Novo Hamburgo, estava prestes a fechar um contrato milionário com a Aracruz Celulose para a ampliação em Guaíba. A crise econômica abortou o negócio, a empresa freou investimentos e levou dois anos para se recuperar. Este ano, retomou o contrato com a Celulose Riograndense.

O positivo desenhado ao lado do certificado de qualidade das máquinas agrícolas da Stara é símbolo da perseverança da família Stapelbroek, que esteve à beira da falência nos anos 1980. A crise multiplicou as dívidas com a construção de uma sede maior. A solução foi abrir capital e trazer novos sócios para conquistar o mercado nacional.

Valorize um diferencial

Em 1991, a Zeppelin começou fazendo comerciais para empresas gaúchas, mas logo ganhou a primeira conta nacional, a Pepsi. Com escritório em São Paulo, manteve a produção no Estado, espalhando pelo Brasil imagens e cenários daqui.

Enquanto perdia a visão, Carlos Alberto Wolke dava os primeiros passos como empresário. Ele comanda a Pináculo, cuja principal aposta é o Vocalizer, aparelho de comunicação para auxiliar outros deficientes visuais.

Crie a partir de um produto

A Camera foi a primeira gaúcha com atuação conjunta nos mercados de soja, trigo, milho e arroz, além de canola e girassol. Até meados dos anos 1980, adquiria lotes de soja dos colonos e revendia às indústrias. Passou a fornecer fertilizantes e receber grãos em troca. Foi o primeiro passo para a diversificação, uma de suas marcas. Hoje tem negócios em biodiesel, sementes e insumos.

Com experiência em usar gordura, matéria-prima do sabão, a Fontana, de Encantado, ampliou seu mix para mais de 180 produtos. De produtos de higiene pessoal, avançou para os segmentos têxtil, farmacêutico, de oleoquímicos, cosméticos, pneus e têxtil.

Não menos surpreendente é o caminho do grupo Herval, de Dois Irmãos. Nos anos 2000, acreditando que o mesmo nome em vários negócios poderia criar problemas de identificação, as lojas nascidas da indústria passaram a se chamar taQi. Outro divisor na história da empresa ocorreu na mesma época, quando nasceu a iPlace, que vende produtos da Apple.

Vigie o que faz a concorrência

A Xalingo é a líder gaúcha e está entre as sete maiores do país em produtos pedagógicos.Nos anos 1990, época da invasão de importados, especialmente chineses, foi pega de surpresa e entrou em crise. Então, reestruturou-se. Hoje, exporta 3% da produção e importa 15% dos itens da China.

No caso da Ouro e Prata, a solução para vencer a concorrência foi comprá-la. Primeiro, foi uma empresa do Noroeste. Depois, a Rainha da Fronteira, com rotas na Fronteira Oeste. Em 2006, adicionou a Tapajós (PA). Com cerca de 40 ônibus e 13 barcos no Norte, tem uma das linhas rodoviárias mais longas no país: Porto Alegre-Santarém (PA).

Invista em projetos sociais

A Opus, empresa criada em 1976, na Capital, com o objetivo de produzir shows locais,nunca abandonou o foco inicial: proporcionar cultura e entretenimento aos gaúchos. Em três décadas, alçou novos voos e passou a administrar teatros dentro e fora do Estado. Todas as casas de espetáculos foram construídas com dinheiro de investidores, sem incentivos fiscais ou recursos públicos. Isso é fundamental para que a programação cumpra seu papel social, mas também permita que os locais possam receber eventos privados, como formaturas e festas. A Opus investe em projetos sociais e, em 2012, foram sete eventos.

Aposte em uma marca forte

A marca ajudou a popularizar a Tintas Renner, da Renner Herrmann. Ao adotar o nome da família (em alemão, Renner tem grafia parecida com a palavra "corredor") associou a imagem do cavalo branco, que se tornou referência no segmento.

Uma brincadeira virou nome da empresa fundada por Leandro Mantovani, que hoje equipa veículos de sete das principais montadoras do país. A Keko, apelido de infância que Leandro não gostava, tornou-se conhecida em mais de 20 países. Nascida da fusão dos nomes Panitz e Velgos, a rede de farmácias Panvel deu um salto ao apostar em produtos de marca própria, que se tornaram referência no segmento em todo o país.

Quando a Florestal Alimentos adquiriu a doces Boavistense, optou por manter as duas marcas. Segundo a empresa, em cada uma das unidades, os funcionários fazem competição que estimula o crescimento.

Inove sem medo

Com 35 anos de atuação no setor de tecnologia, o grupo Digicon começou usando vestiários emprestados e hoje tem centro de distribuição na Alemanha e exporta caixas eletrônicos até para a Ásia. O grupo procura inovar na linha de produção, de produtos para máquinas usadas em fábricas, mas tem gestão financeira conservadora.

Quatro empresas gaúchas (Maquetec do Brasil, TCA Informática, Marina Borrachas, Higra Industrial) também se destacam quando o assunto é capacidade de inventar. Foram vencedoras do prêmio CNI de Inovação em 2012. Criar garante redução de custos e ganho de produtividade.

Inovação também está no DNA da Docile, de Lajeado. Maior produtora de pastilhas da América Latina e a segunda no segmento de balas de goma no Brasil, a empresa está sempre se reinventado, especialmente na linha de produção. Suas embalagens com doces em formatos divertidos — corações, ursos, bocas de vampiro e frutas — inundaram supermercados e popularizaram um tipo de doce que, até há pouco, só era importado.

— Saber inovar é perpetuar a marca — explica o diretor comercial, Alexandre Heineck.

Encontre o seu espaço

Em um mercado acirrado como o gastronômico, a Petiskeira continua firme na disputa. A empresa foi inaugurada em 1984.

— Na época, havia apenas dois tipos de opções de alimentação no shopping: os fast foods e um restaurante de uma rede de outro Estado, com preço alto. Existia um nicho não explorado para refeições de qualidade, com preço acessível, e servidas de forma rápida — recorda Ângelo Meneghetti, diretor e um dos sócios.

Também num mercado administrado em grande parte por multinacionais, o Grupo Prato Feito conquistou o posto de campeã entre as empresas exclusivamente gaúchas no segmento de refeições coletivas.

Valorize e treine seu time

A Pompeia, que começou em Camaquã e se consolidou como referência no varejo, faz questão da proximidade com os funcionários. Abriu uma escola de moda para formar consultoras e firmou parceria com a ESPM para qualificar as gerências.

Nas Tintas Killing, a receita do sucesso veio a partir de uma teoria do fundador: "o chefe de família sempre tem de estar bem alimentado".

— Pensando assim, ele foi o primeiro empresário da região a montar refeitório dentro da fábrica — lembra Milton Killing, 53 anos.

O foco da empresa de ônibus Embaixador, permanece no sul do Estado. Uma das prioridades é o investimento em pessoas. A empresa custeia 100% da universidade de funcionários e ainda 50% da dos filhos deles.

Use a experiência para abrir o próprio negócio

Em uma das paredes da direção da Bomber Speakers, em Cachoeirinha, está emoldurado um documento de 1993 com uma compra de 9,6 milhões de cruzeiros reais em equipamentos para produção de alto-falantes. O vendedor era a Bosch, e o comprador, Gustavo Lermen, que depois de anos atuando em uma fábrica do setor, decidira abrir sua própria. Com o dinheiro arrecadado na família, fez da Bomber uma referência.

Mantenha o time que está ganhando

Assim como a personagem cercada por rosas que simboliza a Alma de Flores, a Memphis pouco precisou mudar. E assegura crescimento em um mercado dominado por multinacionais. Além de apostar em nichos diferentes, investe em elevar a produtividade e melhorar processos nas fábricas.

Na Fruki também é assim. Uma foto em que David Beckham aparecia com um guaraná Fruki em mãos rodou o mundo. Mas a empresa, com quase nove décadas de história, segue vendendo seus produtos exclusivamente no Rio Grande do Sul. Por opção.

Planeje e execute

A Cosuel administra o maior abatedouro de suínos do Estado e usa a marca Dália. Entre 1970 e 1980, a falta de estratégia gerou uma crise. Foi feita uma redefinição de foco, opção por se manter em dois setores — suinocultura e laticínios —, qualificação dos empregados e adesão ao Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade (PGQP), que levou à gestão com planejamento e metas.

Em 2007, o grupo SLC tornou-se uma das primeiras empresas agrícolas a abrir capital e oferecer ações na bolsa. A estratégia tinha um objetivo definido: captar recursos de investidores para comprar novas terras e aumentar a área plantada.

Aproveite as oportunidades

Para uma empresa da Serra, a Copa do Mundo chegou antes mesmo de a bola rolar. É da vinícola Lidio Carraro o vinho oficial do Mundial.

O evento também trará resultados à Imply, de Santa Cruz do Sul, que fornecerá placares eletrônicos para as arenas.

Em agosto deste ano, a Triel-HT, de Erechim, venceu uma licitação do governo para fabricar 58 viaturas especiais:

— Com Copa do Mundo e Olimpíada, o governo investirá na segurança dos aeroportos — comenta Airton Dalla Rosa, que administra a empresa.

Dependa só da qualidade

É a qualidade que diferencia a cachaça da Weber Haus, produzida em Ivoti. Um dos fatores para o crescimento da marca foi a presença em feiras internacionais. A bebida chegou aos mercados do mundo e, também, a um consumidor famoso: o ator Arnold Schwarzenegger ganhou uma caixa da Weber Haus Black quando esteve no Rio, ano passado.

— Queremos ser lembrados como uma marca de qualidade. Por isso, aliamos tecnologia ao nosso processo artesanal de produção — afirma Evandro Weber, diretor da empresa.

Na indústria de alimentos Naturale, marca da Nat Cereais, também é assim. Desde o primeiro negócio, a empresa obteve destaque graças à qualidade e ao preço mais baixo em relação às tradicionais. Além de fabricar itens da marca Naturale, também produz para marcas próprias de supermercados.

Com o passar dos anos, a Conservas Oderich passou a olhar de perto o gosto de consumidores mais exigentes. Para atendê-los, garantindo mais qualidade a produtos como a salsicha enlatada, optou por uma linha de produção mais enxuta.

Explore o mundo

A Venax, de Venâncio Aires, tem trajetória inversa à da maioria. Duas vezes: nasceu a partir da compra de uma massa falida e, em vez de voltar a vender no mercado interno e depois ultrapassar fronteiras, destinou 90% da produção para fora do país no retorno da marca. Hoje, as exportações são 30% do total. Seus fogões chegam a 11 países.

Dê atenção ao cliente

A primeira loja da grife Jorge Bischoff começou de salto alto, na Rua Padre Chagas, na Capital. A intenção era justamente associar a marca a uma das ruas mais interessantes da Capital.

— Desde o início, o objetivo principal era agradar aos clientes mais exigentes, especialmente às mulheres. Sempre miramos alto — explica o dono Jorge, que empresta o nome à marca.

FONTE: http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/economia/noticia/2013/09/veja-dicas-dos-empresarios-para-empreender-com-sucesso-4283785.html

Deixe um comentário